TITULO: FISIOPATOGENIA DA FEBRE AMARELA EM PRIMATAS NÃO HUMANOS (Saimiri spp.)

Aluna: MILENE SILVEIRA FERREIRA

Resumo:

 A febre amarela é uma doença infecciosa não contagiosa causada pelo Vírus da febre amarela (VFA). Por tratar-se de uma zoonose, não pode ser erradicada, e mesmo dispondo de uma vacina continua como um dos maiores desafios em saúde pública. Com o intuito de descrever a fisiopatogenia da FA em primatas não humanos (Saimiri spp.) e viabilizar esse modelo para estudos sobre a doença, foram selecionados 11 animais que não apresentavam anticorpos para arbovírus. Destes, 10 animais foram infectados com 5,31x105 cópias do genoma/mL do VFA isolado de um caso humano grave não fatal e 1 foi mantido controle negativo. O experimento extendeu por 30 dias para observação de alterações clínicas, séricas e comportamentais. Amostras de sangue e tecidos foram coletadas durante os primeiros 7 dias e no 10, 20 e 30 dias pós infecção (dpi) para detecção da carga viral por RT-qPCR; mensuração de parâmetros hematológicos; dosagens bioquímicas (AST, ALT, ureia e creatinina); detecção de anticorpos IgM/IgG por ELISA, Inibição da Hemaglutinação e Teste de Neutralização; descrição das alterações histológicas, quantificação dos antígenos virais (imunoistoquímica- IHQ) e citocinas (RT-qPCR e IHQ). A maioria dos animais apresentou bom estado geral e um animal evoluiu ao óbito com 6 dpi. Foram observadas alterações nas frequências cardíacas, respiratória e notou-se desidratação. Os PNHs exibiram febre, prurido, vermelhidão no corpo, tremores musculares, vômito e petequias. A viremia ocorreu entre 1-10 dpi e a detecção de anticorpos IgM/ IgG entre 4-30 dpi. Os níveis de AST, ALT e ureia aumentaram e a creatinina diminuiu entre 3-10 dpi. O genoma e os antígenos virais foram detectados no cérebro, fígado, rim, baço, linfonodo, pulmão e coração. O fígado foi o órgão mais afetado e o vírus mostrou predileção pela zona mediozonal (Z2). O comprometimento histopatológico do tecido hepático foi caracterizado pela presença focos de necrose lítica e coagulativa, estetose, tumefação celular, hipertrofia e hiperplasia das células Kupffer. A regeneração dos hepatócitos foi rápida e completa, de modo que o fígado foi restaurado ao normal até o final do experimento. A resposta imunológica foi caracterizada pela expressão de S100, CD11b, CD57, CD4 e CD20; marcadores do endotélio (VCAM-1, ICAM-1 e VLA-4), estresse e morte celular (Caspase 3, MLKL, iNOS e Lisozima); citocinas pró-inflamatórias (INF-γ, INF-β, TNF-α, IL- 8); anti-flamatória (IL-4, IL-10 e TGF-β) e; Treg (IL-35) e IL-17 de forma irregular durante toda a cinética experimental. As lesões severas da fase grave da doença podem estar associadas à expressiva produção de citocinas pró-inflamatórias com poder apoptótico como o IFN-γ e TNF-α, liberadas pelas células da resposta inflamatória do perfil Th1, como o linfócito T CD4+, linfócito T CD8+, identificados pela maior expressão de moléculas de adesão VCAM-1, ICAM-1 e VLA-4 para o foco inflamatório observado em Z2. Este é o primeiro estudo experimental em tempos modernos a mostrar que os PNH do gênero Saimiri spp. são susceptíveis a infecção pelo VFA, desenvolvendo um quadro infeccioso cujo padrão de resposta imune in situ se assemelha aos observados em humanos.
Palavras-chave: Febre amarela, Saimiri, patologia, imunologia.

 

Banca Examinadora:

 

 Prof. Dr. JUAREZ ANTÔNIO SIMÕES QUARESMA

 Profa. Dra. LÍVIA CARÍCIO MARTINS

 Prof. Dr. LEÔNIDAS BRAGA DIAS JUNIOR

 Prof. Dr. JOÃO RENATO RABELLO PINHO

 Profa. Dra. RAIMUNDA DO SOCORRO DA SILVA AZEVEDO (Suplente)

 

LOCAL: Auditório da Seção de Arbovirologia e Febres Hemorrágicas, Instituto Evandro Chagas, Rodovia BR-316 km 7 s/n - Levilândia, Ananindeua- PA.

DATA: 03/12/2018

HORA: 13:00h