TITULO: AÇÃO LEISHMANICIDA in vitro DE Physalis angulata L. E Euterpe oleracea Mart.

Aluno: BRUNO JOSÉ MARTINS DA SILVA

Resumo:

Leishmania (Leishmania) amazonensis e Leishmania infantum (Leishmania chagasi) são protozoários intracelulares obrigatórios capazes de silenciar a resposta microbicida ativada pelos macrófagos, gerando um ambiente favorável para sua multiplicação. O parasito Leishmania é responsável por causar as leishmanioses, que são doenças negligenciadas com terapêutica limitada. Em relação ao tratamento, os antimoniais pentavalentes são considerados de primeira linha, entretanto, apresentam alta toxicidade e requerem longo período de tratamento. Atualmente, são necessárias pesquisas por novos compostos com melhor eficácia contra o parasito, que não apresentem toxicidade e efeitos adversos. Neste contexto, produtos de origem natural encontrados na região Amazônica Brasileira apresentam um grande potencial para o desenvolvimento de novos medicamentos. Além disso, essas substâncias apresentam inúmeras vantagens, pois são encontradas em abundância na floresta Amazônica e são utilizadas na medicina popular. Desta forma, este estudo avaliou a ação leishmanicida de alguns produtos naturais encontrados na região Amazônica (Euterpe oleracea Martius e Physalis angulata L.) e preparar uma revisão de literatura abordando ação de plantas medicinais encontradas na região Amazônica. Esta tese foi dividida em quatro artigos científicos. O artigo I foi uma revisão de literatura sobre diversos trabalhos que mostraram ação biológica de diferentes plantas encontradas na Amazônia Brasileira sobre diferentes espécies de Leishmania. Este artigo ressalta a importância da busca de novos compostos leishmanicidas a base de plantas. No artigo II foi mostrado que o extrato aquoso da raiz da planta Physalis angulata (EAPa) promoveu aumento da produção de espécies reativas de oxigênio (ERO) e induziu morte celular com fenótipo similar a apoptose em promastigotas de L. (L.) amazonensis tratadas por 72 horas com 100 µg/mL. EAPa foi capaz de promover ativação de macrófagos induzindo várias alterações morfológicas, como: alteração do citoesqueleto, aumento da emissão de projeções citoplasmáticas, maior capacidade de espraiamento celular e produção de radicais superóxidos (O2-). Além disso, EAPa reverteu a inibição da produção de O2- causado por L. (L.) amazonensis. O artigo III mostra que o tratamento com EAPa promoveu a redução do número de promastigotas (IC50= 65.9 μg/mL) e  amastigotas (IC50= 37.9 μg/mL) de L. infantum. Além disso, EAPa também induziu varias alterações morfológicas, aumento da produção de ERO e morte celular com fenótipo similar a apoptose em promastigotas tratadas por 72 horas. Em macrófagos infectados com L. infantum EAPa (100 μg/mL ) desencadeou o aumento de secreção de TNF-α em macrófagos infectados com L. infantum após 72 horas de tratamento, porém não induziu o aumento da secreção desta citocina em macrófagos não infectados. Além disso, EAPa não apresentou efeito citotóxico para células J774-A1 (CC50> 1000). No artigo IV foi observado que o tratamento com suco clarificado de Euterpe Oleracea (EO) promoveu redução do número de promastigotas, alterações morfológicas, aumento da produção de ERO e indução de morte celular com fenótipo similar a apoptose em promastigotas de L. (L.) amazonensis (IC50=1:40) e L. infantum (IC50= 1:38). EO promoveu diminuição do número de parasitos intracelulares de L. (L.) amazonensis (IC50= 1:30) e L. infantum (IC50= 1:38). Outro interessante resultado observado foi a redução da secreção da citocina IL-17A após tratamento de macrófagos infectados com L. (L.) amazonensis ou com L. infantum com diferentes concentrações de EO por 72 horas. Além disso, nenhum efeito citotóxico foi observado em macrófagos peritoneais tratados com EO (72 horas- CC50 > 1:1). Em conclusão, os resultados obtidos evidenciaram que o extrato aquoso da raiz da planta Physalis angulata e o suco comercial clarificado de Euterpe oleracea, são substâncias com características promissoras para o desenvolvimento de um novo medicamento para as leishmanioses.

 

Banca Examinadora:

 

Prof. Dr. ADRIANO PENHA FURTADO

Profa. Dra. SILVIA HELENA MARQUES DA SILVA

Prof. Dr. CHUBERT BERNARDO CASTRO DE SENA

Prof. Dr. ALEJANDRO FERRAZ DO PRADO

Profa. Dra. BARBARELLA MATOS MACCHI (Suplente)

 

LOCAL: Auditório LABVIR- ICB/UFPA

DATA:26/06/2018

HORA: 14:00H