PRAGA
Aves tidas como inofensivas podem transmitir doenças graves aos humanos.
Em vários pontos de Belém há uma grande quantidade de pombos. Embora muita gente os associe a uma ave inofensiva, por serem considerados símbolo da paz, esses animais causam doenças graves que podem levar à morte ou deixar sequelas, como a meningite. Diretor da Faculdade de Biomedicina da Universidade Federal do Pará, o professor Francisco Tiago de Vasconcelos Melo disse que os pombos são animais sinantrópicos que se adaptaram a viver próximo a habitações humanas, ajustando-se facilmente ao ambiente urbano. “Esse animais acabam se proliferando nas cidades, visto a ausência de predadores naturais e a velocidade de reprodução (alto índice de natalidade), encontrando, nas cidades, abrigos para a construção de seus ninhos (telhados, forros, caixas de ar condicionado, torres de igrejas e marquises)”, afirmou. Portanto, quando encontram ambientes com fartos recursos (alimentares, especialmente), pode ocorrer uma explosão demográfica no ambiente, acrescentou Francisco Tiago, que também é professor de Parasitologia do Instituto de Ciências Biológicas. “Adicionalmente, a interferência humana pode influenciar nos hábitos dessas aves, especialmente quando existem indivíduos que alimentam esses animais, favorecendo a reprodução e a superpopulação”, disse. Segundo ele, deve ser realizado controle (redução e manutenção do baixo número de pombos nas cidades) e manejo (exclusão dos pombos de áreas onde vêm causando problemas) da população de pombos. “Dentre essas medidas destacam-se vedar com tela os locais onde pombos podem se abrigar e fazer ninho, como beirais de telhados, forros e acesso a calhas; retirada de ninhos ou os ovos dos ninhos que são construí- dos em prédios públicos; não deixar restos de alimentos que possam servir aos pombos (ração de cães e gatos, e lixo); criar legislação que proí- ba a alimentação dos pombos em áreas públicas; instituir multas e penas de limpeza de monumentos públicos para os renitentes; e ampla campanha educativa em todas as mídias preconizando a não alimentação das aves”, enumerou. O professor Francisco Tiago afirmou que nunca devem ser utilizadas técnicas de extermínio: “São cruéis, impopulares e pouco efetivas (exige o abate de 80% a 90% dos adultos)”. Ele lembrou que o controle da superpopulação de pombos é um problema que deve ser solucionado em grande parte pelo governo, “o qual deve elaborar politicas públicas para a diminuição da população dessas aves nas grandes cidades. Os pombos podem causar diversos problemas quando presentes em número excessivo e, atualmente, atingiu a condição de ‘praga urbana’, devido à sua grande população, causando prejuízos econômicos. Além disso, desempenham um papel na transmissão de diversas doenças que acometem humanos e animais domésticos, sendo um problema de saúde pública. Comumente relatadas são doenças como criptococose (doença causada por fungos que pode vir a causar meningites), histoplasmose (doença que acomete o sistema respiratório), ornitose (infecção das vias aéreas causada por uma bactéria), salmonelose, dermatites e alergias (causadas principalmente por ácaros e piolhos)”, afirmou.
Prof. Dr. Francisco Tiago de Vasconcelos Melo